É isto, nada além: um dia as pessoas morrem na gente.
Pode ser um amigo que parece não se importar mais ou então aquele que telefona só quando quer ajuda, um amor que gastou todas as chances que
tinha e nem toda dedicação do mundo comoveu, um primo de longe, qualquer um.
Pode ser a criança que um dia morou dentro da gente, o sujeito que viajou pra longe sem dar adeus ou dizer que ia ou o visitante que chegou e nem ao menos um oi.
Um dia as pessoas morrem na gente.
Pode ser um dia qualquer, como hoje ou ontem ou a terça passada, um dia de agosto ou no meio do carnaval, um dia de formatura ou até no ano novo, um dia de vento sul ou calor dos infernos, de vestido curto ou jeans surrado, de boca nervosa ou falta de apetite, de cabelo desgrenhado ou os cachos no lugar.
Um dia as pessoas simplesmente morrem na gente, e a gente esquece as tardes divertidas que passou no boteco, a esperança que alimenta quando ainda não viveu muito, a promessa de nunca esquecer; a gente esquece que um dia quis ficar junto pra sempre, que jurou um monte de coisas, que registrou em fotografias uma penca de momentos bonitos, que acreditou em tudo ou, exatamente como o Chico ensinou naquela canção, que ajeitou o nosso caminho pra encostar no caminho do outro.
A gente faz força pra esquecer, porque sabe que precisa.
A gente faz força pra esquecer, porque sabe que precisa.
É isto, nada além: Um dia as pessoas morrem na gente, embora continuem vivinhas da silva.
Publicado em 5 de setembro de 2010 por Ana Laura Nahas
8 comentários:
....
se o tempo passar deixe apenas que passe...
beijo
Verdade verdadeira...ando passando por algo parecido com algumas pessoas e como é difícil ver alguém morrer dentro da gente...muito difícil!
Beijos!
CamomilaRosa
Sou ilha perdida dentro de outra ilha
Filhos de um Deus que nos torna pequenos
Talvez sejas a fonte da minha saciação
Talvez esteja aprisionado este pobre coração
Esta minha insaciável sede para um regresso
Porque me perdi
Entre a frieza dos homens
Alimentei a alma de Ti
Bom fim de semana
Beijinho
Tem uma frase, eu não sei a autoria, que diz "a gente só morre quando a ultima pessoa que lembrava da gente morrer". Seu texto fala exatamente disto não é, que ao matarmos a pessoa dentro da gente ela morra, não importa que elea esteja viva! belo texto! bela poesia!
Mas a Crista não morre na gente (em mim...).
Excelente texto, gostei imenso.
Boa semana.
Beijo.
Estou a tentar visitar todos os seguidores do Peregrino E Servo, e verifiquei que eu estava a seguir sem foto, por motivo de uma acção do google, tive de voltar a seguir, com outra foto. Aproveito para deixar um fraterno abraço.
António Jesus Batalha.
Tem momentos que é preciso aceitar essa "morte" e desapegar das lembranças.
Um abraço, Sônia.
Crista,apos um longo
tempo sem visitar
os blogs que eu gosto
estou de volta e encontro aqui
um poema verdade.
Dura verdade, mas belamente
exposto.
Eu adoro você e seu maravilho
bom humor e fico triste caso voce tenha
passado por ese fio
da vida.
Bjins de saudade
querida
Catiaho Alc
Postar um comentário