Diário de uma mulher,esposa,mãe,dona de casa...enfim...de um ser humano único...rsrsrsrs...
Meu blog também é bauzinho de guardar coisas que acho lindas,interessantes e que vale a pena recordar!
Início do blog:13/04/2009...só felicidade!!!

quinta-feira, 24 de março de 2016

Deixem-me Envelhecer


Foto de Silvana Freygang.
Autora: Concita Weber


Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,

Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,

Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,

Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,

Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,

Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,

Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,

Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.

Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,

Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,

Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,

Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,

Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,

Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,

Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,

Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.

Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,

Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,

Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,

Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,

Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,

Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,

Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,

Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!!!

quarta-feira, 16 de março de 2016

SOU MAIS FELIZ AOS 50!


Eu sei que no imaginário popular uma mulher de 50 anos é quase uma idosa, está vários quilos acima do peso, tem dor na coluna, sofre com
calores, insônia e talvez depressão, as pernas têm varizes e o olhar já perdeu aquele brilho de quem espera muito da vida. Mas o que eu
vejo no espelho é tão diferente de tudo isso que não me canso de citar Rita Lee que, num momento inspirado, viu-se como parte da primeira
geração de mulheres que chega aos 50 sem referências. Afinal, nossas mães e avós não nos servem mais de parâmetro.

Gosto de ver a passagem do tempo por três porta-retratos que tenho num móvel da sala. Em cada um deles, uma foto minha nos aniversários de
30, 40 e 50 anos. Ah, como esses retratos falam de mim…. Ou será que sou eu que me recordo exatamente de quem eu era em cada uma dessas
idades? O que sei é que a foto de que mais gosto, a que me acho mais bonita, mais segura e feliz é a última.

Sabe quando de repente tudo na sua vida começa a fazer sentido? Você se recorda dos momentos mais difíceis e vê que as decisões que tomou
e depois se arrependeu amargamente – eram, na verdade, as corretas. Os ciclos vão tomando forma e você vai vislumbrando que a vida é um
caminho que só começa a ficar mais iluminado após cinco décadas de andanças.

Aos 50 anos, eu finalmente aprendi que, no amor, mais vale escolher que ser escolhida. Tornei-me melhor observadora e descarto sem dramas
o que não me interessa, o que não vai acrescentar. Não tenho mais tempo nem paciência para o que não combina comigo, pois já me conheço o
suficiente e sei o que pode ou não dar certo. Se estou fechada? Só para a superficialidade das relações, para as carências de que não quero
participar.

O desapego começa a fazer parte de minhas escolhas de forma sistemática e consciente, e passei a dar mais valor às experiências que aos
bens materiais. Acho que a maior proximidade da morte me deu outra dimensão das verdadeiras urgências na vida. Então, de repente, a
ansiedade foi se desfazendo e trazendo mais calma e paz ao meu dia a dia. O desapego nos dá asas.

O medo do futuro também está diminuindo. Se me deparo com um dilema, uma situação complicada, recorro ao meu arquivo de lembranças e logo
vejo que já enfrentei momentos em que tudo parecia insolúvel, mas que com o tempo foram se resolvendo. O desejo de controlar os
acontecimentos para que nada dê errado hoje é apena uma miragem. Começo a ansiar pela mudança, pois me sinto curiosa para o que o futuro me
reserva e preparada para
ele. Não tenho mais tempo a perder com a eternidade das rotinas que eu penso controlar.

E quando você chega nesse ponto da vida com saúde, vitalidade, energia e muita vontade de aprender e contribuir para um mundo melhor, a
frase da Rita Lee faz todo o sentido. Você não só está na melhor fase da sua vida, como é a primeira geração a experimentar isso.

Ana Cristina Sampaio Alves • 15 de março de 2016