Se eu pudesse ter escolhido o dia do meu nascimento, escolheria o dia zero.
Um dia inexistente no calendário.
E quando alguém me perguntasse que dia faço aniversário, diria simplesmente que não faço essas coisas.
Isso porque não desejo mesmo que me desejem sucesso ou uma vida longa e próspera.
O tempo é uma convenção como qualquer outra.
Não passa pela cabeça desses idiotas que não ter sucesso em algo pode ser o sucesso inesperado de outra coisa.
E que vida longa é um contrassenso, já que vida, vida mesmo, é o que acontece nos intervalos da existência humana.
Acusam a borboleta de ter uma vida curta, mas será que um velho que repete seus dias tem uma vida mais longa que a
borboleta? Uma vela acesa dura mais que o estampido de um raio, mas qual o brilho mais intenso?
Enquanto minha vela ainda iluminar, cada dia será o dia zero; dia de partida, dia de começo.
Não olhar para trás nem contar o que virá, mas andar; andar por querer mover-se, andar.
E quando enfim a vela se apagar, aí podem cortar o bolo a vontade, que o fracasso da vida é o sucesso da morte.
André Anacoreta
Presente da querida Brih Kaloo, pelo facebook...Obrigada!!!!